Mais um Velejaço Farroupilha, que é a versão para barcos não medidos do tradicional Troféu Seival.Estamos com a tripulação deste comandante, Ferrugem, Beto Trein, Jorge-Psiquiatra de Bordo, Luizinho Ungaretti e, last but not least, nosso mestre cuca, cinegrafista e velejador nas horas vagas, Tio Cacá (Cassio Ostermayer).Largamos do cais do porto com uma merreca chatinha da estranha direção N-NW, portanto de ângulo folgado e gennaker armado como balão, com vários jaibes ao longo do caminho. Tempo nublado com nuvens bem carregadas, prometendo chuva para qualquer momento.Foto de Simone Rosa, da varanda de casa Precisamos de um balão!Na briga pelo pelotão da frente estávamos nós, o D36 Alegria do Com. Vidal, o Gigi (Jeanneau 45) do Zeca Bohrer, o Charlie Bravo do Fofô Paulo, além do Barba Negra do Com. Manotaço, este se beneficiando na descida de um balão monstruosamente grande para o tamanho do barco (um 32'), armado bem ao tope do mastro (depois ficamos sabendo que o tal balão anteriormente pertenceu ao ex-IOR racer Resgate, de 40').
Foto do 'pega' do Alegria com Friday Night (divulgação VDS) A descida toda até o farolete 114 foi cheia de buracos de vento, com cada um buscando evitá-los da melhor forma. No nosso barco a briga era interna mesmo, pois popa rasa com vento fraco é uma condição de muita desvantagem para o nosso gennaker de 85m2. Como comparação, o Alegria é um barco idêntico e anda com um balão simétrico de cerca de 105m2, o que faz uma baita diferença. Desse jeito seguimos brigando bem na descida até a entrada do canal de Itapuã, mas sem muita mágica para fazer, de forma que o pelotão da frente foi aos poucos se distanciando.
Foto: divulgação VDS
Aliás, registro que essa descida do Velejaço Farroupilha me acendeu a idéia de investir em um balão para o Friday Night.
Recuperação Foto: divulgação VDS
Montamos o farolete em quinto, atrás do Alegria, Charlie Bravo, Gigi e Barba Negra, mas logo na descida do gennaker a adriça do mesmo teimou em não descer. Tivemos que subir o ferrugem no mastro, perdendo alguns minutos preciosos em que já deveríamos estar voltando de contravento, sendo que nessa manobra fomos também ultrapassados pelo Raio de Luar do Com. Cylon Rosa. Descobri que o gato da adriça do gennaker, recém trocado, ficou um pouco pequeno e estava acavalando no moitão de retorno no alto do mastro, vou ter que providenciar uma bolacha como as das escotas para evitar que isso aconteça novamente.
Estávamos então em 6º, com toda a volta pela frente, mas cheios de vontade e energia, sendo que a esta altura entrou a tal chuva mais forte e o vento firmou em 10-12K, da mesma direção N-NW. Registre-se também que todos muito bem alimentados a bordo, graças à eficiente pilotagem do forno com o Tio Cacá, que providenciou duas maminhas ao forno que estavam deliciosas.
O contravento mais firme terminou animando a galera, quando decidimos iniciar o retorno pela margem oeste do rio, correndo a batimétrica (te mete!) e contornando os bancos das pontas do Salgado e da Ceroula, de forma a escapar da boa correnteza que descia, que fatalmente viria a prejudicar quem optasse por atravessar o canal naquele momento.
A partir daí deu-se nossa grande recuperação. Logo que acertamos a questão da descida do gennaker passamos o Raio de Luar, enquanto que o Alegria e o Charlie Bravo cruzaram o rio para leste, indo buscar uma rondada de vento que nunca chegou. Chegamos a andar lado a lado com o Alegria por um bom tempo na altura da ilha Chico Manoel, com os dois barcos andando incrivelmente igual, apenas com eles bem mais a barlavento. Eles então decidiram mais uma vez buscar um leste, ficando emburacados lá pela altura de Belém Novo, enquanto que o vento seguia firme em N-NW, bem como a chuva, ao anoitecer.
Fita Azul
Nessa manobra ficaram o Alegria e o Charlie para o leste, o Barba Negra foi superado no andamento de contravento mesmo, já na altura da Ponta Grossa, a esta altura da navegada com tudo já totalmente escuro e a chuva pegando forte. A partir daí passamos a monitorar o Gigi tanto no visual quanto no radar, caprichando no ângulo dos bordos já que havia muitas rondadas, sempre entre N e NW. Passamos o Gigi em uma dessas cambadas caprichadas já perto da ilha do Presídio, nos encaminhando para a chegada gloriosa como o fita azul no farolete 134.
Foi uma espetacular navegada, a galera com o alto astral de sempre, sem se deixar abater pelo tempo ruim ou posição, felizmente revertida no final.
Faremos outras...