terça-feira, 29 de setembro de 2009

26/09/2009 - Não Tem Barco Mas Tem Vento!

Fiquei pensando no título dessa postagem, um pouco desvinculada do contexto geral do blog, então achei essa: “não tem barco mas tem vento”. Acho que representa bem o nosso passeio nesse dia.

No último 26/09 fomos gentilmente convidados pelo nosso amigo Felipe Ostermayer, gerente de operações da Ventos do Sul, empresa responsável e operadora dos Parques Eólicos de Osório, para conhecer o empreendimento.

A chegada no parque


Nada mais apropriado para um banco de velejadores, acostumados a depender do vento para o seu divertimento e lazer. Estiveram na visita, além deste modesto escriba, nossos tripulantes de várias navegadas, o Wally, Sergio “Capucha” Zaffari, Barba Ruiva, André Freitas e o Cássio Ostermayer, além de outros amigos de outros pagos.

A turma dos "eletrocuriosos"

Aqui o negócio é mais sério do que velejar, trata-se do maior e mais moderno complexo de energia eólica da América Latina, uma referência quando se fala em energia renovável e preservação ambiental.

O moderno escritório do complexo

O Felipe nos brindou com uma excelente apresentação, super detalhada para aquela audiência lotada de “especialistas”. Só faltou subir nas torres, mas os caras têm um compromisso de aproveitar o máximo possível do vento disponível, então seria inviável desligar algum dos geradores só para os bacanas verem a vista lá de cima. Isso sem falar na vertigem...

O empreendimento tem 75 torres com 100m de altura e com um diâmetro de hélice de 70m, com potência instalada de 150 MW e produção estimada de 425 GW/ano. Eu leigo não sei muito o que é isso, mas parece que é o suficiente atender toda a demanda das cidades do litoral norte do RS fora da alta temporada de verão (amigos especialistas, me corrijam!!).

Após a visita no escritório, estivemos na base de uma das torres e no centro institucional, terminando a visita com um agradável almoço no alto do morro da Borússia, com uma espetacular vista dos Parques Eólicos e das praias e lagoas da região.
Olhem só a delicadeza da base da torre...
...e o centro institucional

Fica o agradecimento ao tempo e disposição do Felipe para saciar a curiosidade dos seus amigos palpiteiros. É gratificante ver o entusiasmo do nosso amigo ao falar sobre o projeto.
Elocubrações elétricas...

domingo, 20 de setembro de 2009

19/09/2009 - A Cobra Fumou no Velejaço Farroupilha 2009


Nada mau para quem reclamava de pouco vento nas últimas saídas...

Pediu vento?? Então leva!!
Eolo nos brindou com um belo vento na edição 2009 do Velejaço Farroupilha, a regata para barcos não medidos que ocorre simultaneamente ao Troféu Seival, a prova mais tradicional da vela gaúcha. Até um pouquinho demais, para falar bem a verdade...

No começo da manhã já tínhamos 12-15 nós de oeste no trapiche do clube, uma indicação clara de que aquele vento iria crescer, o que terminou acontecendo mesmo.

Fomos para a regata com este comandante e a tripulação formada pelo Ferrugem, Magrão Gói, Barba Ruiva, Guga, Sergio Capucha e o Jorge, nosso psiquiatra de bordo. Distribuímos as tarefas dos mantimentos entre a turma toda e já saímos na largada às 11hs com uma picanha especial assando no forno.

Competimos pela classe dos Delta 36, que infelizmente tinha só 3 barcos na raia, além de nós o Taj Mahal do comandante Flavio Porto e o Oceanics, do comandante Francesco Colombo.

A largada foi nas imediações do Gasômetro, às 11hs, com o vento oeste já batendo na casa dos 20K, com 25K na rajada. A largada foi embolada, com os barcos maiores muito embalados e atropelando alguns pequenos que já andavam “pendurados” com o ventão. Conseguimos sair um pouquinho na frente dos nossos adversários e já fomos tratando de arrumar um vento limpo no meio daquela confusão toda. Em uma dessas panejadas e atravessadas nosso defletor de radar terminou “desistindo” da regata e foi devidamente arremessado na água.

Nossa largada, espremidos entre o Manatee e a comissão de regatas (foto: Guili Roth)

Saímos de través com toda a vela grande e a genoa 2, mas já em seguida tivemos que dar o primeiro rizo na grande, um pouco antes do farolete 142 defronte ao glorioso Beira-Rio. Da bóia inflável defronte ao Veleiros até o farolete 134 seria uma orça bem na cara, então já passamos pelo clube enrolando a G2 e colocando nossa guerreira G3 trinqueta no estai intermediário. Dessa forma fomos levando o barco mais equilibrado no contravento, com as rajadas já batendo na casa dos 30K.

Todo desarrumado na montagem defronte ao VDS, com o Taj Mahal aparecendo ao fundo (foto: Guili Roth)

Voando baixo na descida
Finalmente arribamos, recolocamos a G2 e tiramos o rizo no farolete 134, para iniciar uma longa e espetacular descida de cerca de 14 milhas em través folgado e ¾ de popa até o farolete 114, já na entrada do Canal do Junco, chegando em Itapuã. Nessa hora tínhamos uma decisão tática entre descer pelo canal com correnteza a favor ou ir pelo caminho mais curto da Ponta Grossa, porém sem a corrente empurrando.
A bela balonada do Aquavit, que infelizmente foi curta e não terminou tão bem

Terminamos fazendo um meio-termo, descendo um pouco mais a leste do canal de navegação mas ainda com uma boa correnteza ajudando. Optamos nesse trecho por manter a G2 e no máximo colocar uma asa de pomba quando o ângulo ficou mais aberto, já que os poucos que se aventuraram de balão não estavam exatamente se dando muito bem (o pessoal que conserta velas deve ter feito a festa...). Fizemos esse trecho em 1h36min, com espetacular média de 9,1K, muitas vezes descendo ondas a mais de 11 nós (chegamos a medir no GPS 12,6K em uma surfada, recorde absoluto do barco).

Um dos registros do velocímetro (chegamos a marcar 12,6kts)


Longo e tenebroso contravento
Montamos o 114 exatamente às 14:05 e iniciamos a longa e cansativa subida, de contravento bem na cara e umas ondas bem chatas, altas (para os padrões do Guaíba, claro!) e curtas, forçando a turma a uma posição bem incômoda na borda, tomando vários banhos ao longo do caminho. Pelo menos o pessoal estava bem alimentado, com as duas maminhas e a picanha que comemos na descida.

A mesma distância que fizemos voando na descida nos tomou 3h15min na volta, praticamente o dobro do tempo. Nesse trecho fomos administrando a distância conseguida com relação ao Taj Mahal, subindo de novo com a G3 trinqueta. Depois de várias cambadas pelo Arado e Ponta Grossa, cruzamos a linha de chegada novamente do farolete 134 às 17:20, com o Taj Mahal do comandante Flavio chegando uns 7 minutos atrás de nós, após uma navegada bem agressiva cortando caminho por dentro da ilha Chico Manoel e perigosamente perto (ao menos parecia, do nosso ângulo) das pedras do arado. O terceiro D36, o Oceanics, estava com pouca tripulação e não chegou a completar o percurso.

Agarrando o trapiche à unha
Chegamos depois de 6 horas de regata, brindados pelos cachorros-quentes especiais do Capucha, nosso “italiano safado”. Na chegada ao clube mais um pouco de emoção, pois o motor não pegou e fomos obrigados a entrar à vela mesmo, segurando o barco à unha no trapiche da piscina. Provavelmente deve ter entrado um pouco de água pelo escapamento depois de termos andado tanto tempo adernados, então preferi não forçar o arranque para evitar o risco de um calço hidráulico.

No fim foi uma navegada espetacular e até com poucos danos, que se limitaram ao defletor “arremessado”, à valuma da G3 e à janela do dog house descosturadas. Menos sorte tiveram outros, com velas bem mais rasgadas e até mastros quebrados, como o caso do nosso amigo Fofô Paulo com o seu Charlie Bravo.

Agora que matamos as saudades do ventão vamos torcer para que a próxima seja um pouquinho mais calma, só para a galera andar mais relaxada...

Registro o agradecimento aos ilustre “Inúteis” a bordo, pela faina e pelas habilidades culinárias, em especial ao Guga que nos brindou com um jogo de camisetas do barco.

Faremos outras!!

Fred







Vejam os 2 videos do cinegrafista Magrão Gói nos momentos de "vai que é um Dodge" da descida...

... e esse aqui do Barba Ruiva, que mostra bem o nosso contravento na volta.

Essa aqui é para ninguém dizer que a turma mente (notem que cada leg speed é a média de cada intervalo de 10 segundos - o leg time - entre 2 track points)