Fim de semana básico na Chico, onde fomos brindados com algumas emoções inesperadas.
A tripulação foi familiar, com este comandante, a Susi, o Rafa e a Gabi. Seguimos a motor no sábado à tarde, com um vento E-SE bem contrário ao nosso caminho. Já na saída do Veleiros vimos que o nível do Guaiba estava muito baixo após uma semana inteira de tempo seco e vento leste.
Passamos o canalete do Jangadeiros e o ecobatímetro ainda ficou apitando uns 20 minutos com menos de 2m de calado (encalhamos com 1,70m!), até a metade da baía de Ipanema. Com isso já sabíamos que a atracagem na Chico não iria ser fácil.
A entrada na ilha foi tumultuada, com um atrapalhado de outro veleiro fazendo barbeiragens enormes junto ao molhe norte. Entramos na baía e já encalhamos no lodo, buscando o único lugar disponível no trapiche norte, ao lado do Canibal e do Solaris. Fomos até onde dava empurrando o fundo do rio com o motor, sendo que os últimos 5-6 metros foram caçados no molinete mesmo, até atracarmos de popa no trapiche, absolutamente cravados no lodo.
A noite foi ótima no galpão da ilha, com peixe na grelha e cantorias em geral, como já é tradição quando temos vários amigos por lá.
O encontro de gerações nas cantorias da ilha...
... e a dupla Rafa / Tiago Fasolo no campeonato de "peido de suvaco"
Aqui o Rafa já estava quaaase se entregando...
Brincadeiras à parte (-Vai transformar o barco numa floreira? -Vai ficar até o próximo inverno?), logo tratei de achar uma maneira de sair daquele lugar, temendo que o rio baixasse mais e a coisa ficasse ainda mais complicada.
Saí para uma caminhada em torno do barco, tentando achar o melhor caminho para uma saída, ou seja, o menos raso. Dei ainda uma cavocada com o pé na frente do leme, também afundado no lodo.
Reconhecimento do terreno para tentar o desencalhe
Saímos do atoleiro com a técnica antiga da adernada, ao alcançarmos uma escota solteira presa na adriça do balão para os amigos na beira d'água, que conseguiram inclinar o barco e com isso destrancar a quilha do lodo. A partir daí foi abrir caminho no motor para ancorar no alinhamento do trapiche principal, ainda encostando no lodo mas sem tanta gravidade.
Agradeço ao meu irmão Guili e aos amigos "adernadores" Cylon, Luizinho e Francesco, pela empreitada do desencalhe.
Ainda pela manhã de domingo fomos surpreendidos por um bando de bugios circulando amigavelmente junto as árvores do galpão da ilha. Eu mesmo nunca tinha os visto assim tão de perto e com tanta naturalidade, e olha que já tem uns bons 30 anos que eu ando por lá.
Para os poucos que ainda duvidam que eles existem mesmo na Chico (tem gente que acha que é lorota...) seguem os registros tirados pelo Guili:
"No lo creo a los bugios, pero que los hay, los hay..."
Everybody macacada!!
O resto do domingo foi com uma grande churrascada na prainha, com os amigos dos veleiros Lord Marabu, Raio de Luar, Feitiço, Canibal, Escape, Fandango, Aquario II, Oceanics, Refúgio, Solaris e De Lua, além do pessoal da lancha Ohana (dizem que o Roberto Albuquerque é um lancheiro em fase de conversão...). Tudo isso ainda com uma criançada barulhenta e animada, aproveitando muito a praia, caiaque, brincadeiras e afins.
Algumas da criançada na farra da ilha:
Na volta o imediato Rafa foi o grande ajudante na faina da âncora, motoramos até a Ponta Grossa e depois velejamos até o Veleiros, dessa vez pelo canal de navegação e sem grandes estresses com calado e encalhadas.
O imediato a postos na proa
Tudo bom demais, faremos outros!!
Abaixo a imagem da Chico Manoel pelo Google Earth, com os waypoints da aproximação e entrada da ilha: