Fomos com este comandante, o Ferrugem, Barba Ruiva, Capucha e o Diego Quevedo, este último velejador regatista e meu parceiro de Snipe do passado, mas que andava meio desativado nos últimos anos.
Como o clube antecipou a largada para às 19:30 pedi ao Inútil #1 Ferrugem que fizesse a inscrição, sendo que no meu entendimento isso significava também estar com o edital da regata a bordo. Cheguei queimadíssimo no horário, ainda de terno e gravata, sendo que fui trocando de roupa à medida em que o pessoal já foi saindo do trapiche e se dirigindo à raia.
Para onde é a largada mesmo??
Assumi o leme já após o início da sinalização sem a menor idéia de para onde seria a largada, foi então que descobri que a tripulação também não tinha a menor idéia pois nós simplesmente não tínhamos o edital a bordo.
Nos preparamos para largar para norte no rumo do farolete 142 e quando vimos que algo estava esquisito na linha de largada, com todos os cerca de 20 barcos indo para o lado errado... OOPS... Eles todos errados e somente nós os certos??? Será???
Claro que a largada era para oeste, no rumo do par da Piava (farolete 140), ficamos então atravessados no meio da linha e por muita sorte não batemos em ninguém naquela que seria a nossa primeira trapalhada da noite.
Subindo o balão pelo pé
Como o novo rumo pedia o balão, fomos correndo preparar a montagem da vela, armada pelo nosso proeiro Barba Ruiva (Inútil #4), que a subiu lindamente... pelo pé!!! Coisa mais bacana um balão subindo pelo pé... Eles merecem o apelidinho carinhoso, mesmo!!! Desce tudo e arma tudo novamente, até vou considerar a desculpa de que a vela não estava passada.
O proeirinho Barba Ruiva, subidor de balão pelo pé...
Refeitos da segunda trapalhada (ainda bem que no escuro pouca gente viu!) saímos atrás do prejuízo, já com a metade da flotilha de 18 barcos na nossa frente até a primeira montagem.
A subida até a ponta do Gasômetro foi muito boa (ainda que com trapalhadinhas de menor importância), iniciando com a opção de um bordo mais a sotavento, no qual já traçamos boa parte da turma que ficou mais encalmada na altura da ponta do estaleiro. Depois do farolete 142 do (glorioso) Beira-Rio fomos de balão de novo, em um gostoso través de 10-12K com o barco bem adernado e rendendo bem seus 7-8K de velocidade.
Comendo o mingau pelas beiradas
Contornamos a boia luminosa (luminosa nada, todas apagadas de novo...) 137 já em quarto, atrás do Angela II (Beneteau 50') do comandante Renato Plass, o Delírio do Zé Feio e o C'est La Vie, este a primeira vítima em uma bela atrolelada por sotavendo mesmo, nas imediações da bóia 135. Registro que essa atropelada nada mais era que a nossa obrigação, diga-se de passagem, comparando-se os barcos.
Diegão e a popa da vasta cabeleira do Ferrugem
A próxima ultrapassagem foi no Delírio, também por sotavento na perna entre o farolete 142 e o par da Piava, que já contornamos em segundo mas ainda alguns bons minutos atrás do "grandão" Angela II. Aliás, foi justamente ser "grandão" o que atrapalhou os caras, quando o vento baixou um pouco para 5-6K e eles começaram a render menos com o barco pesadão e lento de manobras. Mesmo com a tripulação experiente (eles acabaram de atravessar o Atlântico duas vezes) a turma não conseguia render na merreca, o que foi dando esperança para nós que vínhamos logo atrás.
Fomos comendo o mingau pelas beiradas, cambada por cambada, ultrapassando nossos amigos do Angela II a poucos metros da linha de chegada defronte ao clube, terminando com uma vantagem de poucos segundos ao cruzarmos a linha em primeiro. O próprio C'est La Vie também rendeu mais no vento fraquinho e encostou na turma da frente, dando um bafo na nuca do Angela II, que garantiu o segundo lugar por apenas 1 segundo (!) de vantagem, já em uma manobra ao cruzar a linha.
O Veleiros recebeu todos os velejadores com um jantar e o comandante Renato Plass gentilmente nos ofereceu uma rodada de chopp pela vitória, devidamente brindada com o tríplice "Hip Hip Hurra" liderado pelo Ministro do Chopp dos cruzeiristas, o grande comandante Henrique Ilha do Aquariano.
Os Inúteis (eu inclusive, claro!) estão de parabéns pela Fita Azul. A velejada estava muito legal, faremos muitas outras, talvez com menos trapalhadas...
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PS do Comandante: depois dessas aventuras resolvi dar uma "decorada" no tope do balão e devo fazer o mesmo no gennaker, just in case...
Pode ter sido um problema de regulagem na lenta dos Inuteis face o chopp se servido APÓS a regata.
ResponderExcluirFred, Cumprimentos pela vitoria e pela capacidade do Comandante de trazer os inúteis a linha de chegada em 1° lugar.
ResponderExcluirA derrota para o Friday Night abalou a tripulação do ANGELA II. O Ney Mario esta inconsolável. Na última Seival tambem perdemos a poucos metros da chagada numa encalmada. É o ponto fraco do barco grande e pesado. Abaixo reproduzo o e-mail enviado pelo Ney Mario, após a nossa derrota para o FRIDAY NIGHT, aos tripulantes do ANGELA II:
Um abraço, Renato Plass
Streppel, meu comodoro
O que há de errado conosco? Trinta mil genes de primeira linha, grudados em vinte três cromossomos também de primeira linha, perdendo regata na linha de chegada? Culpa de quem? Minha? Não! Tua? Claro que não! Pixote, Mirian, Idiolanda e Serginho? Fora de cogitação. Eduardo? Nem a bordo estava. Quem sobra então? Foi ele, claro que foi! FOI O CHINÊS! Por acaso notasses que havia um chinês a bordo? Quem é aquele chinês filho da puta que nos fez perder mais essa regata, como se pudéssemos nos dar o luxo de não ganhar algo que já estava no papo desde que nosso genoma foi concebido algumas décadas atrás? Enquanto isso, no Rio de Janeiro, o mais meigo dos meus bebês (Olavo) fazia concurso para Professor na UFRJ. Vinte oito candidatos para duas vagas. Passou! Em Porto Alegre, não ganhava nada, problema de currículo, dizia, como se os genes que eu leguei para ele não fossem mais do que suficientes para cruzar qualquer linha de chegada, disparado na frente de todo mundo. Caro comodoro, temos que refletir sobre isso: sobre os nossos genes, sobre as circunstâncias de Galileo "versus" o papa Urbano VIII e sobre os segundos lugares recorrentes do Ângela II. No fim de semana fui ao Rio visitar o Olavo. Eduardo ligou, me convidando para ir a Angra. Não pude aceitar, afinal tinha que cuidar do bebê. Mas vejo que a hora se aproxima. A água do Guaíba não está nos fazendo bem. Toca logo para frente esse projeto do Circuito de Ilha Bela, porque é a melhor saída, no curto prazo, para manter nossos cromossomos atentos para esse eterno dilema da linha de chegada.
Abraço
Ney Mario
PS – do comandante não falei por dois motivos: primeiro, pelo profundo respeito que devoto a todos os seus conhecimentos náuticos e humanísticos: segundo, pelo reconhecimento de que fez tudo certinho durante toda a regata; ou, melhor dito: quase tudo.
Olá Fred!
ResponderExcluirMuito legal esta regata noturna.
Parabéns pela bela recuperação...
Manda um abraço pro Diego.
Saudações,
Cap'Nardo - Best Fellow